Sid Watkins Narra os Últimos Momentos de Ayrton Senna

Nos últimos meses do ano de 1978, logo após o acidente que vitimou do sueco Ronnie Peterson, um dos pilotos mais famosos e queridos, em Monza, o neurocirurgião Sid Watkins foi convidado por Bernie Ecclestone, já o chefão da Fórmula 1, para assumir o cargo de médico-chefe da equipe de socorro nas provas da categoria. O renomado médico assumiu a missão de, principalmente, implantar os mais evoluídos procedimentos de atendimento emergencial para pilotos, pessoal de boxe e público.

Sid Watkins atuou à frente da equipe médica de 1978 a 2005. Foi um período de grande evolução no atendimento, utilizando pessoal altamente treinado, dispondo de equipamentos de última geração, melhorando sensivelmente as condições de segurança ano após ano. O médico se tornou uma das pessoas mais queridas da Fórmula 1 nos 27 anos que cumpriu aquilo que encarava como verdadeira missão. Amigo de todos nos boxes, se tornou muito íntimo de Ayrton Senna.

No ano de 1996, Sid Watkins lançou o livro autobiográfico “Viver nos Limites”, no qual narra toda a sua trajetória na Fórmula 1. Leitura indispensável para os amantes do automobilismo. Watkins nasceu em Liverpool, no dia 6 de setembro de 1928 e morreu no dia 12 de setembro de 2012, após completar 84 anos de vida.

Foi um dos primeiros a prestar socorro a Senna no acidente do fatídico dia 1º de maio de 1994. No seu livro Sid Watkins narra o acontecimento: ”… ao chegarmos a Tamburello eu sabia que era Senna. Ele estava afundado no Williams e o médico do primeiro carro de intervenção estava com ele, segurando sua cabeça com o capacete. Pela terceira vez naquele final de semana tinha de fazer um esforço frenético para cortar a presilha do queixo e tirar um capacete. Seguramos o pescoço de Ayrton e tiramos o capacete. Seus olhos estavam fechados e ele estava profundamente inconsciente. Coloquei um tubo na sua boca, girei-o e consegui um fluxo de ar efetivo. Ele parecia sereno. Virei suas pálpebras e ficou claro pelas suas pupilas que ele tinha uma maciça lesão cerebral. Levantamo-lo do cockpit e colocámo-lo no chão. Nesse momento ele olhou e, apesar de eu ser totalmente agnóstico, senti que ele tinha partido naquele momento. Chegou mais ajuda e o Dr. Pezzi começou a entubar Senna. Fizemos várias infusões e apesar de sentir seu pulso, eu sabia, por ver a extensão das suas lesões que ele não podia sobreviver”.

Quando Sid Watkins faleceu, Rubens Barrichello publicou nas suas redes sociais:  —Devo minha vida ao professor Sid Watkins. Foi ele que me salvou em Ímola 94. Uma pessoa alegre, competente… Lembrarei sempre de ti amigo. Vá com Deus.

Sem dúvida um dos dias mais marcantes da história do automobilismo mundial.

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