A Importância da Aerodinâmica no Automobilismo

Aerodinâmica é a ciência que estuda o comportamento do ar sobre os corpos em movimento. O carro em avanço sofre a forte resistência do ar frontal e em menor grau nas laterais. O desenvolvimento do automobilismo esportivo depende diretamente dos estudos de aerodinâmica. É de fundamental importância a eficiência aerodinâmica de cada componente estático ou móvel, interno ou externo. Cada peça ou mecanismo de todas as áreas passam por criteriosos testes.

Na década de 1920 começaram os estudos mais aprofundados sobre aerodinâmica e seus efeitos diretos no deslocamento dos carros. Carros de corrida eram projetados com grandes, pesados e potentes motores, quando se descobriu que um quilo de peso a menos pode ser tão importante quanto um HP a mais. Na época começaram a surgir as construções de carros mais leves, com centro de gravidade mais baixo, motores mais compactos, reduzidos de inacreditáveis 7 ou 8 litros, para no máximo 3 ou 4, que também “rompiam o vento” com mais facilidade.

Nas décadas de 1930 a 1950 a preocupação ligada à aerodinâmica se limitava a construir carros mais baixos possíveis, considerando que os motores dos monopostos eram instalados na parte dianteira, dentro do antigo popular conceito “os bois devem puxar e não empurrar as carroças”. Os motores passaram a ser instalados na traseira dos carros da Fórmula 1 com sucesso em 1959. Essa mudança foi definitiva e melhorou sensivelmente a aerodinâmica dos carros.

Em 1967 surgiram os primeiros aerofólios, criados por Jim Hall, no seu projeto do protótipo Chaparral. Durante o ano de 1968 todas as equipes da Fórmula 1 já usavam aerofólios dianteiro e traseiro. Os engenheiros e mecânicos sofreram muito para encontrar os melhores ângulos para posicionar os aerofólios, com uma regulagem para cada pista.

Colin Chapman, o genial projetista da Lotus lançou, em 1970, o revolucionário Lotus 72, um carro em forma de cunha, com os radiadores instalados nas laterais. Aerodinamicamente perfeito para a época. Até então o radiador era instalado no bico, um “freio” aerodinâmico perfeito. Os carros evoluíram na década de 1970, mas a grande ideia na área de aerodinâmica foi lançada pelo mesmo Chapman: o efeito-solo. O Lotus 79 (1978) com efeito-solo era uma evolução do carro-asa do Lotus 78 (1977). O ar era canalizado na parte inferior do carro por um túnel, formando uma área de baixa pressão, que “sugava” o carro de encontro à pista, tornando o contorno das curvas muito mais rápido.

O setor de Aerodinâmica de uma equipe de Fórmula 1 atual emprega centenas de pessoas. O trabalho que era executado por três pessoas na década de 1970 pode ocupar hoje mais de 200. A equipe tem hoje seu próprio túnel de vento, fabrica suas próprias peças, elabora seus próprios projetos, busca saber o que as concorrentes estão fazendo em sua área de atuação, procura descobrir novas soluções evolutivas, além de uma infinidade de atribuições.

Existem dois grupos distintos de trabalho: o pessoal de boxe e o pessoal de fábrica. Um carro de corridas é um “quebra cabeça” de milhares de peças. As funções foram se subdividindo. Por exemplo: o pessoal que se dedica ao desenvolvimento do aerofólio dianteiro. O leitor pode constatar uma série de peças de formatos diversos aplicadas na lâmina do aerofólio. Cada peça daquela tem a função de direcionar o ar de uma forma, com objetivo específico. A soma dos efeitos do ar impactando todas as peças tem um objetivo principal, que complementa outros conjuntos de peças de outros setores. A complexidade dos projetos e da produção de um carro de Fórmula 1 é imensa, ocupando nas equipes maiores mais de 1.500 pessoas. São todos eles de competência comprovada, do topo da pirâmide de qualidade profissional.

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