GP de Las Vegas e a Tendência do Futuro
Max Verstappen chegou a reclamar do excesso de atrações secundárias que ocorreu em torno da disputa do GP de Las Vegas, nas vésperas e dia da corrida. O tricampeão considerou que acontecia “1% de atividade esportiva e 99% de outras coisas” no evento. Não deixa de ter razão. O público consumidor de eventos esportivos nos Estados Unidos, de um modo geral, aprecia a badalação, o desfile de astros e estrelas e, no caso do automobilismo, da aproximação do ídolo esportista ao público, além de vários outros atrativos. É o “american way of life” aplicado à promoção de eventos na América do Norte. Afinal, a Liberty Media é a promotora, é estadunidense, a dona do negócio e vai assim realizar. Vamos nos moldar então a essa profunda mudança que virá. Admitamos, é para melhor.
Voltando ao esporte, continuamos a nos surpreender com certas bizarrices que não deveriam fazer parte do rol de procedimentos da Fórmula 1. Carlos Sainz, piloto da Ferrari, no primeiro treino livre bateu em uma tampa de bueiro, material metálico e pesado, que se soltou e poderia ter resultado muito mais grave. Nos faz lembrar de Tom Pryce, em Kyalami, no ano de 1977. Peças importantes da parte inferior do chassi do Ferrari foram danificadas. A troca das peças, em condições normais, causaria uma punição ao espanhol, que perderia dez posições no grid de largada. Mas Sainz pode ser prejudicado se a soltura da tampa do boeiro, foi uma falha da organização? O inacreditável aconteceu: Sainz foi penalizado mesmo assim, por incrível que possa parecer. Vários ajustes terão de ser feitos para Las Vegas em 2024. Tentaram acomodar os horários visando o público televisivo europeu, o que levou o pessoal que trabalha diretamente nos carros a cumprir cronogramas insanos, por não considerar os fusos horários que já enfrentam. O grande desgaste físico e mental virá em Abu Dhabi, no próximo fim de semana.
Vínhamos chamando a atenção para a cada vez maior aproximação dos tempos de volta entre os 20 carros que compõem o grid da Fórmula 1. No terceiro treino livre 18 carros estavam separados por um pouco menos de dois segundos, um resultado que já é excelente. Las Vegas é um circuito completamente novo, adaptado nas ruas da capital de jogo. O resultado foi um traçado de alta média horária (208,637 km/h por Verstappen), 6.201 metros, quatro longas retas (uma de 1.900 metros) e a maior parte das curvas de alta velocidade. Las Vegas é uma pista perigosa. Resultado: Os pneus não atingiam temperatura suficientemente quente para manter uma boa aderência. Guiar nessas condições se tornou um imenso desafio para os pilotos, o de guiar em altas velocidades com o mínimo de aderência. E todos passaram no teste, com louvor. Sem exceção!
Na qualificação os carros da Ferrari foram os mais rápidos. Charles Leclerc virou em 1m32s726 e Carlos Sainz em 1m32s770. O espanhol tomou a vergonhosa punição de dez posições no grid. Uma vergonha histórica para a organização (leia-se FIA). Na sequência do grid vieram Max Verstappen (Red Bull) com 1m33s104. George Russell (Mercedes) com 1m33s112, Pierri Gasly (Alpine) com 1m33s233, Alexander Albon (Williams) com 1m33s323, Logan Sargeant (Williams) com 1m33s513, Valteri Bottas (Alfa Romeo) com 1m33s525, Kevin Magnussen (Haas) com 1m33s537, Fernando Alonso (Aston Martin) com 1m33s555 e Lewis Hamilton (Mercedes) com 1m33s837. Carros de oito equipes nas dez primeiras colocações, separados por 1,1 segundo. Prometia uma corrida bem disputada. E aconteceu.
O GP de Las Vegas foi repleto de acontecimentos emocionantes. Lando Norris perdeu o controle da Mclaren e bateu forte em uma barreira de pneus, só passando por um susto, nas primeiras voltas. Max Verstappen não deixou de vencer, mas dessa vez enfrentou uma concorrência muito mais próxima, principalmente do Ferrari de Leclerc. A corrida inteira se desenvolveu com muitos carros andando muito próximos, com várias alternâncias nas posições. Se o holandês da Red Bull voltou a vencer, Leclerc fez uma ótima corrida com seu Ferrari, ao chegar em segundo, após superar Perez (Red Bull) na penúltima curva da prova. Chegaram a seguir: Steban Ocon (Alpine), Lance Stroll (Aston Martin), Carlos Sainz (Ferrari), Lewis Hamilton (Mercedes), George Russell (Mercedes), Fernando Alonso (Aston Martin) e Oscar Piastri (Mclaren). Os 17 carros que cruzaram a linha de chegada completaram as 50 voltas programadas, o que evidencia a proximidade entre eles.
Com o resultado Sergio Perez conquistou o vice-campeonato entre os pilotos, com 273 pontos. O mais próximo era Hamilton, com 232 pontos. O vice-campeonato entre os construtores será decidido entre Mercedes, com 392 pontos e Ferrari, com 388 pontos. Uma diferença de apenas 4 pontos separa o time alemão do time italiano.
Próximo encontro: GP de Abu Dhabi, última etapa da temporada, no dia 26 de novembro.