Pilotos Muito Novos na Fórmula 1. Isso vai dar certo?
Os sistemas de telemetria cada vez mais sofisticados e precisos, utilizados no automobilismo atual, permitem aos técnicos avaliações exatas de funcionamento de cada peça, sistema ou mecanismo do carro. È pura tecnologia em seu ponto mais elevado.
Estamos testemunhando uma tendência à contratação de pilotos cada vez mais novos pelas equipes. Existe um sistema de telemetria específico para o monitoramento dos pilotos. O equipamento registra: procedimento de largada, aceleração, pontos de frenagem, de retomada de velocidade, contorno de curvas, ultrapassagens. Enfim, todos os aspectos da pilotagem em todos os seus mínimos detalhes.
Importante afirmar que as equipes são responsáveis pelos pilotos que mantêm. Merece especial consideração o estado psicológico do piloto que se pretende contratar. O automobilismo é um esporte de alto risco e só pode ser praticado por pessoas em perfeito estado emocional. O praticante deve registrar em treino voltas com tempos constantes, muito próximos, não necessariamente tão rápidos, a princípio. Mensura a segurança com que guia.
Cálculos executados por especialistas conseguiram estabelecer, como medida de desempenho máximo, o tempo da “volta ideal” para cada circuito oficial. Serve apenas de parâmetro complementar, consultado por profissionais do automobilismo como um dado extra na análise da atuação de um determinado piloto que está pretendendo ajustar um vínculo. Piloto reserva por exemplo.
A telemetria tem sido prioritária na análise criteriosa de nível de atuação de um piloto em circuitos diversos. Com o resultado em mãos a equipe pode eliminar pequenas falhas que possam ser detectadas. Isso explica o motivo de uma empresa como a Red Bull contratar um jovem de 17 anos para ser piloto oficial as equipe, no caso Max Verstappen. Ao analisar a telemetria do holandês descobriram um talento raro. Como complemento acompanharam de perto algumas de suas corridas no kart e na Fórmula 3. Resultado: revelou um dos melhores pilotos da história.
Com o mesmo princípio a Ferrari revelou Oliver Bearman, 18 anos, piloto reserva que foi obrigado a substituir o titular Carlos Sainz, com apendicite, na Arábia Saudita. Chegou em 7º lugar, um excelente resultado. Contratado da Ferrari, vai guiar para a Haas em 2025, como continuação de seu aprendizado. É uma promessa.
Insatisfeita com o desempenho de Logan Sargeant, que não soube mesmo aproveitar a oportunidade, a Williams contratou o argentino Franco Colapinto, de 21 anos, para pilotar o segundo carro da equipe britânica nas provas restantes da temporada atual. Em sua corrida de estreia, em Monza, fez o 18º tempo do grid e na corrida se classificou em 12º lugar, enquanto seu experiente companheiro de equipe, Alexander Albon, chegou em 9º. Colapinto guiou com segurança e eficácia. Parece que chegou à Fórmula 1 com futuro promissor.
Dos novos pilotos o que tem sido mais comentado é Andrea Kimi Antonelli, 18 anos de idade, revelação italiana, que encantou os dirigentes da Mercedes, especialmente o chefe Toto Wolff. Antonelli será piloto oficial da marca alemã e vai substituir simplesmente o 7 vezes campeão do mundo Lewis Hamilton. O italiano bateu em seu primeiro treino livre pouco antes de fechar uma excelente volta, que o colocaria entre as primeiros. Pilotos novos, mesmo talentosos, cometem alguns erros no início. Faz parte do aprendizado.
Finalmente vamos abordar a carreira do piloto brasileiro Gabriel Bortoletto, 19 anos. Depois de uma passagem vitoriosa no kart, foi campeão na Fórmula 3 em 2023 e é o atual vice-líder da Fórmula 2. Venceu uma corrida em Monza partindo do último lugar. Empresariado por Fernando Alonso, Bortoletto tem grande chance de ser contratado para a Fórmula 1 em 2025 pela Sauber, que se transformará em Audi em 2026. Vamos torcer.
Mesmo com a comprovação do raro talento dos pilotos citados é correto afirmar que não existe espaço para que todos façam grande sucesso. Alguns terão melhores oportunidades com carros mais competitivos e a outros restará a luta por posições intermediárias. A aposta em pilotos muito novos é alta, mas as equipes grandes estão dispostas a arriscar. Vamos estar muito atentos a essa nova realidade.
Próximo encontro: GP do Azerbaijão, dia 15 de setembro