1933 Primeiro Circuito da Gávea

No dia 8 de outubro de 1933 aconteceu o I Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro, popularizado pelo nome de Circuito da Gávea. A união de esforços do piloto e diplomata Manoel de Teffé, do Automóvel Clube do Brasil e do Governo Federal do presidente Getúlio Vargas, tornou possível a realização da primeira corrida de automóveis de âmbito internacional no Brasil.

Para a primeira edição da prova participaram pilotos da Argentina (Ernesto Blanco, Raul Riganti, Augusto McCarth e Vittorio Coppoli) e Uruguai (Hector Suplicy). O GP carioca logo foi incluído no calendário oficial da FIA (Federação Internacional do Automóvel). Os mais destacados pilotos brasileiros da época se inscreveram na prova: Irineu Corrêa, Julio de Moraes e Manoel de Teffé eram os mais conhecidos.

O jornal Diário da Noite-RJ assim descreveu o traçado do circuito da Gávea: “Será dada a saída na avenida Visconde de Albuquerque, em seu trecho mais longo, seguindo todos por essa avenida, até encontrar a avenida Niemayer, a qual subirão, percorrendo depois a estrada da Gávea, a rua Marquês de São Vicente, e atingindo novamente a avenida Visconde de Albuquerque, ponto de partida e assim sucessivamente, até completar 20 voltas.” O percurso total era de 234 quilômetros. O circuito tinha 11 quilômetros e 700 metros.

Os inscritos: Raul Riganti (Argentina) – Hudson, Ernesto Blanco (Argentina) – Reo-Winfield, Vittorio Coppoli (Argentina) – Bugatti, Augusto McCarth (Argentina) – Chrysler, Manoel de Teffé (Brasil) – Alfa Romeo, Irineu Corrêa (Brasil) – Chrysler, Nino Crespi (Itália-Brasil) – Bugatti, Adolpho Loturco (Brasil) – Bugatti, Primo Fioresi (Brasil) – Ford, Julio de Moraes (Brasil) – Bolila, Hector Suplicy (Uruguai) – Lincoln, José Santiago (Brasil) – Franklin, Domingos Lopes (Brasil) – Essex, Gentil Filho (Brasil) – Amilcar, Hopson Coutinho (Brasil) – Amilcar, Joaquim Sant’Anna (Brasil) – Fiat e Julio de Sancts (Brasil) – Ford.

Dezenas de milhares de pessoas – alguns jornais calculavam em torno de 60 mil pessoas – se espremeram ao longo do percurso, na maior parte dos casos, separados da pista por uma simples corda que servia somente para estabelecer um limite que o público não deveria ultrapassar e a pista. Algumas poucas arquibancadas foram instaladas em pontos de melhor visibilidade. Algumas eram pagas, principalmente as que ficavam próximas ao palanque de autoridades, dentre as quais o presidente do Brasil, Getúlio Vagas, e o da Argentina, General Justo. Dois acidentes envolvendo o público foram registrados: parte de uma arquibancada montada na avenida Niemayer ruiu, provocando ferimentos leves em um homem e fratura na perna de uma mulher e de um menino. O fotógrafo Manoel de Carvalho, buscando um ângulo melhor, acabou sendo ferido no pé, sofrendo fratura de tornozelo, atingido pelo carro de Nino Crespi.

O público presente assistiu a uma corrida bem movimentada. Lamentou a quebra do carro de Irineu Corrêa, um dos favoritos à vitória, logo no início, mas vibrou intensamente com as ultrapassagens de Manoel de Teffé, até superar o argentino Vittorio Coppoli e vencer a prova. Resultado final: 1º) Manoel de Teffé (Brasil) – Alfa Romeo em 3h19m25s, 2º) Primo Fioresi (Brasil) – Ford em 3h31m43s, 3º) Nino Crespi (Itália-Brasil) – Bugatti em 3h32m08s, 4º) Augusto McCarth (Argentina) – Chrysler em 3h34m23s e 5º) Victorio Coppoli (Argentina) – Bugatti em 3h48m50s.

O Circuito da Gávea se transformou na principal corrida do calendário do automobilismo brasileiro. A prova foi disputada de 1933 a 1938, em 1941, de 1947 a 1949, em 1952 e em 1954.Foram 11 edições. Muitas tentativas foram feitas, porém corridas nas ruas do Rio de Janeiro não eram mais viáveis. Anos mais tarde, a partir de 1960, o autódromo então chamado de Barra da Tijuca passaria a sediar as corridas cariocas. O Circuito da Gávea em muito contribuiu para a evolução do automobilismo praticado no Brasil.

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