Projeto Tyrrell 34. O Ousado Fórmula 1 de Seis Rodas
No mês de setembro de 1975, antecedendo a apresentação à imprensa mundial, Ken Tyrrell organiza uma sessão de fotografias oficiais de seu novo carro, o modelo P34, nos jardins de sua residência, em West Worsley. O mundo das corridas de automóveis assiste, pasmado, o surgimento do primeiro Fórmula 1 equipado com seis rodas (quatro dianteiras). Todo o desenvolvimento inicial foi cercado por grande sigilo.
O revolucionário carro foi projetado por Frank Gardner, que já estava há mais de cinco anos na Tyrrell. Foi necessário o envolvimento de algumas empresas fornecedoras, principalmente a Goodyear, que desenvolveu pneus de 10 polegadas especialmente para o P34, diferentes dos 13 polegadas dos demais carros convencionais. A Lockheed produziu os freios especiais e a Koni projetou e construiu amortecedores dimensionados para o novo carro.
Incrédulas, as demais equipes não se interessaram pela novidade, não se preocupando em desenvolver seus projetos de carros de seis rodas. Alguns chefes de equipe diziam abertamente que se tratava de golpe publicitário. A oposição era forte mas não afetaria a confiança de Tyrrell e Gardner.
Patrick Depailler e Jody Scheckter, os pilotos da equipe, se entusiasmaram com o P34 e trabalharam com muita seriedade no seu desenvolvimento. O carro faz sua estreia no GP da Espanha, em Jarama, no ano de 1976. Só Depailler pilotou o P34 e se classificou para a largada em terceiro.
Durante a corrida o carro acompanhou o ritmo dos demais nas retas mas se mostrava com melhor eficiência nas curvas de baixa velocidade. Um superaquecimento dos freios determinou a desistência da prova pelo piloto francês. O resultado é animador. E o desenvolvimento do carro muito rápido nas oficinas da Tyrrell.
Na Bélgica, Scheckter pilotou o modelo P34/4 e conseguiu chegar em quarto lugar. O ânimo da equipe aumentava. Nas ruas de Monte Carlo a Tyrrel espera um resultado ainda mais à frente. E aconteceu: Scheckter termina em segundo e Depailler em terceiro. Ninguém mais duvidava da capacidade do Tyrrell de seis rodas.
A primeira vitória do Tyrrell P34 veio no GP da Suécia, no circuito de Anderstorp, com Scheckter em primeiro e Depailler sem segundo. A equipe britânica fechou a temporada de 1976 com uma vitória, sete segundos lugares, dois terceiros, dois quartos, dois quintos e dois sextos lugares. Nada mal para um carro revolucionário estreante.
Várias inovações são introduzidas no carro visando a temporada de 1977. No decorrer do ano a fabricante de pneus francesa Michelin anunciou que entraria na disputa da Fórmula 1 a partir das provas finais da temporada. A Goodyear, então única fornecedora, promoveu várias inovações nos componentes de seus pneus durante o ano. Acontece que a fabricante desenvolveu os pneus traseiros para todos os carros e os dianteiros de 13 polegadas, deixando de investir nos de 10 polegadas dianteiros usados exclusivamente pela Tyrrell. Simplesmente não compensava investir em compostos para equipar apenas dois carros.
A Tyrrell simplesmente se arrastou durante toda temporada de 1977, mesmo contando com Ronnie Peterson como piloto, que substituiu Jody Scheckter, vencedor de corridas e experiente, mas que não podia fazer milagres. Alguns poucos bons resultados foram alcançados, mais pela qualidade dos pilotos. Derek Gardner deixou a equipe e foi substituído por Maurice Phillipe, que projetou um carro convencional, de quatro rodas, para o ano seguinte. A Tyrrell nunca mais voltaria a ser uma equipe vencedora.
Que máquina !!! Lembro como que agitou (e muito) o mundo da F1 quando surgiram esses carros de 6 rodas.