O Grande Dia de Ayrton Senna

A participação do piloto Ayrton Senna na Fórmula 1 foi acompanhada com a maior expectativa pela torcida brasileira desde a sua estreia, em Jacarepaguá, dia 25 de março de 1984. A desistência da corrida com apenas 8 voltas por quebra do turbo, depois de ter largado em 17º marcou a primeira corrida de Ayrton. Chegou em sexto lugar na África do Sul e Bélgica, não terminou em San Marino e França. O GP de Mônaco era a sexta prova do brasileiro. E viria a ser uma das mais sensacionais da história de sua vitoriosa carreira.

Antes da qualificação os pilotos das equipes menores, como era o caso da Toleman de Senna, estavam muito preocupados em conquistar um lugar no grid, pois dos 27 carros inscritos apenas os 20 mais rápidos largariam. O brasileiro registrou o 13º tempo e estava selecionado para compor o grid.

A previsão do tempo indicava grande possibilidade de chuva durante a prova, o que acabaria se confirmando. Chovia forte quando os carros alinharam para a largada. Chefes de equipe, pilotos e organizadores discutiram se deveria ser adiada ou não a largada. Os carros alinharam e em seguida largaram, em condições temerárias. O carro de Senna falhou na partida e o brasileiro caiu para as últimas colocações. Foi ultrapassando os últimos carros rapidamente, chegando ao meio do pelotão.

Vários acidentes ocorreram, como o que envolveu os dois carros da Renault, além de algumas quebras e vários carros foram ficando pelo caminho.  Prost liderava e era o único que não enfrentava spray de água na viseira. Em segundo vinha Lauda. Senna vinha superando os adversários, registrou a melhor volta da prova e logo alcançou Lauda. Perseguiu o austríaco por uma volta, encontrou um espaço na Saint Devote e o superou. — No ano que vem ele estará numa grande equipe, comentou Lauda sobre Senna, depois da corrida. O público vibrava com a atuação do brasileiro. Também superando os demais pilotos, um pouco atrás de Ayrton, o alemão Stefan Bellof também dava seu show.

Superado Lauda, Senna foi buscar Prost. Superando o francês Ayrton venceria o tradicional GP de Mônaco. Sentiu estar próximo de sua primeira vitória na Fórmula 1. A partir desse momento os organizadores começaram a discutir a paralização da prova, mesmo que as condições de pista não tenham piorado. Estranho porque a intensidade da chuva continuava a mesma. Jack Ickx, diretor da prova naquele dia, decidiu encerrar a prova. Bandeiras  vermelha e quadriculada acionadas, Prost parou na reta dos boxes antes de cruzar a linha de chegada. Senna cruzou antes e imaginou ter vencido a corrida, realizando a volta de desaceleração cumprimentando o público.

O regulamento já previa que em caso de bandeira vermelha valeriam as posições do fechamento da volta anterior. A vitória foi confirmada para Prost. Como não havia sido completado 2/3 das voltas a pontuação seria contada pela metade, cabendo ao francês 4,5 pontos pela vitória. A suspensão da prova e a contagem de pontos reduzida decidiriam o Campeonato Mundial de Pilotos daquele ano.

Antes do pódio com a família real monegasca, inconformado, Senna afirmou: — Fui roubado pela organização da prova e o Prost sabe disso. Enquanto isso Prost dizia: — Naquela altura da prova eu já tinha decidido que se Senna chegasse em mim, eu cederia a posição sem problema. Preferia chegar em segundo lugar do que correr o risco de bater numa disputa.

Foi uma das mais sensacionais performances de um piloto na história do automobilismo mundial e sempre muito lembrada.

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