Mille Miglia de 1955
A Mille Miglia foi uma importante corrida por estradas, pavimentadas ou não, disputada anualmente, ligando cidades da Itália. Prova que exigia a máxima resistência de máquinas e pilotos, disputada entre os anos de 1927 a 1957, foi uma das mais destacadas provas automobilísticas daquele período. Em 1955 seu percurso de ida tinha início em Brescia, seguia pelas cidades de Verona, Vicenza, Padova, Rovigo, Ferrara, Ravenna, Rimini, Pesaro, Ancona, Pescara, L’Áquila, Rieti e Roma. O percurso de volta saía de Roma e passava por Viterbo, Siena, Firenze, Bologna, Modena, Reggio Emília, Parma, Piacenza, Cremona, Mantova e Brescia, fechando o circuito.
Vencer a Mille Miglia era o objetivo dos grandes pilotos de monopostos, esporte-protótipos ou turismo. Piloto e carro vencedores na prova italiana eram reconhecidos como sendo os melhores em condições sempre adversas. Participavam desde potentes Mercedes e Ferrari até o minúsculo Romi-Isetta. Naquele ano de 1955 a Mercedes lançou na corrida seu novo modelo 300SLR e para guiar esses ótimos carros pilotos renomados como Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Karl Kling e Hans Hermann. Favoritos, os carros alemães não decepcionaram.
Moss inovou ao competir com um navegador, no caso o jornalista Denis Jenkinson. Para executar uma navegação mais eficiente Jenkinson criou uma pequena caixa metálica com um visor e dentro dois rolos, contendo todos os sinais possíveis de navegação, obtidos a partir de informações coletadas em treinamento prévio pelo percurso. As coordenadas de navegação eram transmitidas ao piloto Moss através de sinais manuais, exaustivamente treinados.
Os carros da Mercedes dominaram a corrida desde o início. Fangio, Moss e Taruffi se revezaram na liderança por longo tempo. Com uma combinação de competência e sorte a dupla Moss/Jenkinson conquistou a vitória em 10 horas, 7 minutos e 48 segundos, a uma média de 157,69 km/h. O sistema de navegação de Jenkinson foi decisivo para o triunfo da dupla britânica. Moss já havia participado de quatro edições da Mille Miglia, não concluindo nenhuma delas.
Denis Sargent Jenkinson nasceu na Inglaterra, no dia 11 de dezembro de 1920. Teve seus primeiros contatos com o automobilismo e motociclismo em 1937. Se tornou um apaixonado pela velocidade. A princípio queria ser piloto de carros e motos, mas logo desistiu por não ter condições de bancar seu início de carreira. Por escrever muito bem, foi convidado pela publicação britânica especializada Motorsport para produzir reportagens especiais, ocupação que exerceu por mais de 30 anos nesse veículo de comunicação. Levava uma vida reclusa, não casou e não teve filhos. Vivia somente o universo do automobilismo. Respeitadíssimo no meio, manteve estreito relacionamento com todos os grandes pilotos, chefes de equipe e organizadores desde a década de 1950 até a década de 1990. Publicou vários ótimos livros. Muitos de seus textos se tornaram clássicos da história dos esportes a motor. Morreu no dia 29 de novembro de 1996, aos 75 anos de idade, vítima de AVC.