O que Esperamos da Fórmula 1 em 2024
Em pouco menos de dois meses, 2 de março, a Fórmula 1 alinhará seus carros no grid, na pista de Sakhir (Bahrein), para dar início à disputa do Campeonato Mundial de 2024.
Da temporada de 2021 para cá vem ocorrendo uma maior aproximação de desempenho entre os carros, com a natural maior evolução das equipes menores. Isso acontece porque as equipes que estão no topo têm um espaço mais restrito de desenvolvimento, por terem atingido um patamar de avanço tecnológico mais alto possível nas condições atuais. Vencedora de 95% das provas em 2023, a Red Bull trabalhará desde o início deste ano no projeto do carro de 2025. A equipe austríaca está um passo à frente das demais. Mas as outras também nunca estiveram tão próximas da líder.
A formação do grid da última corrida de 2023 expos claramente as reais chances que cada equipe tem de melhorar suas posições A diferença de tempo entre Max Verstappen, o mais rápido, para Guanyu Zhou foi de 1s714, o que significa 2,04% entre todos no grid. Projetando uma melhora no desenvolvimento de todas as equipes, essa diferença poderá cair ainda mais. Cerca de 0,5 segundo é bem razoável. De qualquer forma só acontece porque nada de relevante mudou no regulamento.
Circula pelo paddock a informação segundo a qual a Mercedes viria com um projeto totalmente revolucionário para o Campeonato deste ano. Não acreditamos que a equipe alemã tome tal decisão. Os projetistas têm plena consciência de como está posicionada em relação a suas rivais. Baseado na última corrida de 2023, a Mercedes é hoje a terceira força, atrás da Red Bull e Mclaren e um pouco à frente da Ferrari. Vai arriscar iniciar um novo caminho e não aperfeiçoar o que já conquistou? Deixar de melhorar o 0,5 segundo que a separa da Red Bull? A história nos mostra claramente o resultado de projetos revolucionários: pode ser o céu como pode ser o inferno. O risco não vale a pena.
Pensando no futuro da Fórmula 1 como espetáculo, a Liberty Media revelou a pretensão de chegar a 30 Grandes Prêmios disputados por ano. Seria uma das piores decisões da história. Pilotos e chefes de equipe já se posicionam contra a medida que será proposta pela promotora do Campeonato. O Pacto de Concórdia ainda vigente determina um máximo de 24 corridas por ano. Em entrevista à Motorsport.com, Christian Horner disse sobre a atual temporada, com 24 corridas: “É um ano brutal. É algo que certamente estará na agenda para discutirmos com a F1 e a FIA sobre como tornar a vida mais suportável a todos os envolvidos. Por sermos um circo itinerante, e um circo global. Precisamos a certeza de que estamos protegidos e protegendo as pessoas.”
Questões técnicas e esportivas têm a palavra final da FIA. Profissionais dos boxes afirmam que todos atingem o ponto do esgotamento, enfrentando jornadas extenuantes, ainda mais quando um carro da equipe bate forte em treinos e precisam ser recuperados para o dia seguinte. O cansaço excessivo pode gerar erros, que podem resultar em comprometimento da segurança dos profissionais e do público.
24 corridas deve ser o limite máximo. Primeiro por motivo de segurança, depois por uma questão de valorização do evento. Um Grande Prêmio deve ser um acontecimento com importância de espetáculo. E não dá para organizar convenientemente um espetáculo a cada 10 dias.
A Fórmula 1 tem tudo para se tornar ainda mais popular e rentável. Pilotos e demais profissionais darão sempre uma resposta positiva, com bons espetáculos, desde que estejam em boas condições físicas e mentais. Precisam apenas ter respeitados os seus limites humanos.