1971 Grande Prêmio da Itália

No ano de 1971 os carros da Fórmula 1 já superavam facilmente velocidades acima de 300 km/h na pista de Monza, já então a mais veloz da categoria. O pole position para o GP daquele ano foi o neozelandês Chris Amon, com seu Matra MS120B, registrou a média de 251,214 km/h. Amon virou em 1m22s40, vindo a seguir Jacky Ickx (Ferrari 312B), Jo Siffert (BRM P160), Howden Ganley (BRM P160), François Cevert (Tyrrell 002) e Ronnie Peterson (March 711), separados por 1s06.

                Os aerofólios surgiram na Fórmula 1 no ano de 1968, mas sua aplicação generalizada aconteceu a partir de 1969. Comparando as médias dos pole positions em Monza naqueles anos: 1968 – John Surtees – Honda RA301 – 240,502 km/h, 1969 – Jochen Rindt – Lotus 49B – 242,162 km/h e 1970 – Jacky Ickx – Ferrari 312B – 246,019 km/h. O aumento da pressão aerodinâmica que passou a ser disponível em todos os carros resultou em maiores velocidades e um ganho significativo de produção de vácuo na parte traseira dos carros, facilitando a tarefa da ultrapassagem.

                A pista de Monza foi inaugurada em 1922 e já foi projetada para ser de alta velocidade. O circuito misto original conta com seis curvas de médias horárias altas. Com a chegada dos aerofólios aumentou ainda mais a velocidade e o efeito do vácuo. Rapidamente os pilotos se aproveitaram da nova realidade: a chamada pelos pilotos de “guerra do vácuo”. Um carro se aproximava do da frente e, aproveitando da repentina ausência quase total de resistência aerodinâmica frontal, realizava a ultrapassagem com certa facilidade. Ocorre que na volta seguinte as posições se invertiam. Muitas vezes essas disputas duravam a corrida inteira.

                Aconteceu no GP da Itália de 1971 uma autêntica guerra do vácuo. De cinco a seis carros andaram muito próximos uns dos outros, trocando de posições a cada curva. O que estava em primeiro numa volta caia para sexto na volta seguinte. Um carro poderia estar em segundo e de repente cair para quinto. Trocando vácuos, esse grupo de pilotos se distanciou dos demais carros. O vencedor sairia de um deles. De fato foi isso que aconteceu.

                Chris Amon, o pole position, foi o único que, por algumas voltas, se isolou na frente, dando a impressão que não seria superado. Mas o neozelandês teve que parar nos boxes por causa da viseira que se soltou, dificultando sua visão. Amon perdeu mais uma de tantas chances que teve para vencer.

                O inglês Peter Gethin, da BRM, cruzou em primeiro, 0s01 à frente de Ronnie Peterson, 0s09 de François Cevert, 0s18 de Mike Hailwood e 0,61 de Howden Ganley. Persiste como a menor diferença entre dois primeiros colocados e a menor entre cinco primeiros colocados da história. Entre o primeiro e o quinto carro a diferença era de no máximo um carro. Foi a única vitória de Gethin na Fórmula 1.

                Depois da corrida a maior parte dos pilotos pediu a redução da velocidade em Monza. A guerra do vácuo podia ser atraente para o público, mas era uma situação muito perigosa para os pilotos. O erro de um piloto poderia envolver em um acidente de grandes proporções os outros do grupo em disputa. Os organizadores encontraram a solução na colocação de chicanas. Primeiro construíram duas e depois uma terceira foi implantada. Foi o fim da guerra do vácuo. No GP da Itália de 1972 o pole position Jacky Ickx, da Ferrari, registrou 217,355 km/h, uma queda expressiva de velocidade, para alívio dos pilotos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *