24 Horas de Le Mans de 1955
Desde a sua criação, a prova 24 Horas de Le Mans se tornou uma das mais importantes do calendário mundial do automobilismo. Reservada, no princípio, apenas para automóveis fabricados em série, se transformou num dos mais importantes campos de testes para a indústria automobilística.
Sua primeira edição aconteceu nos dias 26 e 27 de maio de 1923. Disputada no circuito de Sarthe, na França, contou com 33 pilotos inscritos, que eram divididos em categorias, tendo como critério a divisão por capacidade cúbica dos cilindros dos motores. Se tornou a competição dos desafios, muitos públicos, entre os fabricantes de automóveis. Era comum um construtor afirmar com convicção que venceria um rival específico.
A prova 24 Horas de Le Mans nasceu prioritariamente como disputa entre marcas, não de pilotos. Contava pontos para o Campeonato Mundial de Marcas e não se atribuia pontos aos pilotos. Permanece assim, com algumas modificações. As marcas vencedoras em Le Mans são as mais vendidas na sequência da corrida. Era assim nos áureos tempos da história.
Na década de 1950 as 24 Horas de Le Mans chegaram ao seu ponto mais alto de popularidade. Dela participavam praticamente todos os pilotos da Fórmula 1, além dos que vinham dos ralis, das provas de subida de montanha e outras categorias. Os pilotos especialistas em provas de longa duração costumavam andar melhor nessa prova, pela experiência adquirida.
70 carros partem para a luta por uma das 60 vagas no grid de largada para as 24 Horas de Le Mans de 1955. Ferrari, Mercedes, Maserati, Jaguar, Aston Martin, Porsche eram algumas das marcas inscritas. Duplas fortíssimas como Juan Manuel Fangio e Stirling Moss (Mercedes 300SLR) alinharam para a largada.
Pouco depois das 18 horas, quando ocorreram os primeiros pit stops, Hawthorn (Jaguar D) seguia pela reta quando recebeu sinal de parada nos boxes. O britânico calculou que daria tempo de ultrapassar o lento retardatário Macklyn. Naquele tempo não existia pista auxiliar para entrar nos boxes. Hawthorn freia para entrar no boxe. Travando os freios para não bater em Hawthorn, o Austin de Macklyn desviou para a esquerda, atingiu o Mercedes de Levegh, que decolou e praticamente se desintegrou entre a cerca e o público. O conjunto motor-câmbio do Mercedes atingiu em cheio a arquibancada lotada, percorreu cerca de 100 metros, matando e mutilando dezenas de pessoas. A tragédia resultou em 82 mortos, incluindo Levegh. Mais de 100 pessoas ficaram feridas, muitas com sérias mutilações.
Foi o acidente mais trágico de toda a história do automobilismo. Muitos países ameaçaram proibir corridas de automóveis em seus territórios. A Suiça proibiu mesmo, ficando longo tempo sem promover corridas. O prejuízo para o esporte foi grande, mas também melhorou muito a segurança nos autódromos.
Por mais incrível que possa parecer a corrida continuou. A Mercedes logo depois do acidente retirou seus carros da prova. A dupla Hawthorn/Bueb venceu, com o Jaguar D. A organização da prova recebeu muitas críticas, algumas até violentas, de diversas instituições, por ter decidido prosseguir com a corrida.