A Decisão do Campeonato Mundial de 1972

Nas vésperas do Grande Prêmio da Itália de 1972 o piloto brasileiro Emerson Fittipaldi era o favorito disparado para a conquista do título de campeão mundial, pela primeira vez. Depois de nove provas disputadas Emerson acumulava 52 pontos, com quatro vitórias (Espanha, Bélgica, Reino Unido e Áustria), além de dois segundos e um terceiro lugares. Faltando as corridas da Itália, Canadá e Estados Unidos, o brasileiro precisava somar apenas 3 pontos (quarto lugar) para ser campeão.

Monza seria o palco da decisão, no dia 10 de setembro, e tudo parecia correr bem para a equipe Lotus até que um telefonema mudou tudo. Emerson morava em Lonay, na Suiça e na terça-feira, dia 5, partiu de carro para Monza, chegando ao hotel de Ville. Na recepção do hotel recebeu a notícia que informava a ocorrência de um sério acidente com a carreta da Lotus que transportava os carros de corrida e peças de reposição. O acidente, a menos de 30 quilômetros de Monza, foi provocado por um estouro de um pneu dianteiro. O caminhão ficou totalmente destruído, com sérios danos ao carro titular de Emerson e peças de reposição ficaram espalhadas pela pista. Na quarta-feira à tarde, primeiro dia de treinos livres, Emerson só conseguiu andar com o carro reserva, único possível de ser montado, que não se encontrava no caminhão acidentado, e estava relativamente bom. (baseado em relato publicado no livro Voando Sobre Rodas, dedicado ao primeiro título de Emerson Fittipaldi)

No ano anterior os pilotos, Emerson inclusive, haviam reclamado muito da “guerra do vácuo”, provocada pelas longas retas do circuito italiano, o que tornava as disputas perigosas. Foram introduzidas já para 1972 três chicanas, que reduziram significativamente a velocidade. Ao registrar o quarto tempo na qualificação de sexta-feira, o brasileiro ficou satisfeito. Não conseguiu melhorar o tempo no sábado, mas o carro estava pronto, como foi possível preparar. Faltando 45 minutos para a largada surgiu um problema novo e sério: um vazamento de combustível do tanque principal para o habitáculo. O tanque precisava ser esvaziado e substituído. Uma operação delicada e perigosa, que normalmente demoraria duas horas. Os mecânicos da Lotus realizaram a tarefa em 30 minutos. E Emerson foi para o grid, pouquíssimos minutos antes do fechamento dos boxes.

Posicionado no sexto lugar no grid, atrás de Ickx, Amon, Stewart, Regazzoni e Hulme, Emerson largou com cuidado, como sempre. Stewart logo abandonou, enquanto os Ferraris, com Ickx e Regazzoni pularam na frente. Emerson estava em terceiro e, seguido de perto por Amon. O belga errou e perdeu a ponta para o suíço. Mais adiante Regazzoni bateu em um retardatário e deixou a corrida. Ickx e Emerson ficaram na frente. Já era mais do que o brasileiro precisava para ser campeão. Administrando a corrida, satisfeito com a posição em que se encontrava, Emerson deixou o tempo passar. Faltando dez voltas para o fim da prova Ickx parou e deixou o caminho aberto para a vitória do novo campeão mundial.

Depois de tudo o que passaram Fittipaldi e Chapman comemoraram muito a conquista tanto do Campeonato mundial de Pilotos para Fittipaldi como o Campeonato Mundial de Construtores para a Lotus.

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