Chris Amon

Christopher Arthur Amon (Chris Amon) nasceu em Bulls, Nova Zelândia, no dia 20 de julho de 1943. Era filho de um rico criador de ovelhas. Aprendeu a dirigir ainda na infância e na fase final da adolescência adquiriu um Austin A 40. Com esse carro disputou suas primeiras corridas. Começou a se destacar ao volante de um Cooper-Climax, mesmo carro que levou Bruce Mclaren, seu conterrâneo, à primeira vitória na Fórmula 1. Em 1962, numa corrida em Lakeside, sob chuva, impressionou a todos por sua incomum habilidade ao volante. Um dos que estavam presentes era um piloto profissional, o inglês Reg Parnell, que o persuadiu a correr na Europa, garantindo apoio com um carro de sua equipe para competir. Nos primeiros testes em Goodwood já marcava os mesmos tempos que os pilotos experientes.

Amon estrearia com o Lola MK4A da equipe de Reg Parnell no GP de Mônaco, mas foi obrigado a ceder seu carro a Maurice Trintignant, por ser primeiro piloto. Nessa mesma temporada de 1963 participou de 6 Grandes Prêmios, não terminando 4 e chegando em 7º lugar 2 vezes, na França e Grã-Bretanha. Sofreu seu primeiro acidente sério nos treinos de Monza, com 3 costelas quebradas. Na época Amon dividia um apartamento com os pilotos Mike Hailwood e Tony Maggs.

Em janeiro de 1964 Reg Parnell morreu vitíma de peritonite, e seu filho Tim assumiu a equipe. Nesse ano a equipe passou a utilizar o Lotus 25, muito melhor que o Lola. No início do ano, em 4 corridas extra-campeonato chegou 3 vezes em 5º lugar, à frente de vários pilotos conhecidos. Na Fórmula 1 começou não conseguindo se classificar para o GP de Mônaco. Logo em seguida chegou em 5º na Holanda e marcou seus primeiros pontos. Participou de mais 7 corridas no ano mas não terminou em 6 delas, chegando em 10º lugar na França. O carro de que dispunha não permitia fazer melhor.

Amon tinha tudo acertado com a equipe Parnell para 1965 mas a BRM, nova fornecedora de motores, impôs a presença de Richard Attwood como piloto, como única condição para fechar o contrato. Sendo assim, o neozelandês ficou como piloto reserva. Participou de duas corridas mas não as concluiu. No final do ano se desligou da Parnell.

A essa altura dos acontecimentos Chris Amon já era um piloto conhecido e muito respeitado no meio automobilístico europeu. Sua habilidade incomum, sua ousadia ao pilotar o levaram a ser convidado a competir em outras categorias. Só participou de um GP no ano de 1966, guiando um Cooper-Maserati chegou em 8º no GP da França. Em compensação venceu a tradicional 24 Horas de Le Mans, em dupla com Bruce Mclaren. Faltava uma boa oportunidade em uma grande equipe.

Convidado pelo comendador Enzo Ferrari para uma visita à fábrica de Maranello, Chris prontamente atendeu. Saiu de lá com um contrato assinado para a temporada de 1967 na Fórmula 1 e em carros esporte. Foi o melhor ano de sua carreira. Venceu as 24 Horas de Daytona e os 1.000 Km de Monza. A Ferrari se sagrou campeã de marcas, 1 ponto na frente da Porsche. Na Fórmula 1 foi bem, ao volante do modelo 312/67. Chegou 4 vezes em 3º lugar, em Mônaco, Bélgica, Grã-Bretanha e Alemanha. Foi 4º na Holanda e 6º no Canadá. O melhor que pode fazer diante da superioridade dos carros da Brabham. Enfrentou a tristeza pela morte do companheiro de equipe Lorenzo Bandini, em consequência do violento acidente em Mônaco.

1968 foi o ano em que Chris Amon mais se destacou. Liderou 10 corridas e não venceu nenhuma. No Canadá liderava com folga, mas precisou abandonar a corrida. Fez 3 pole positions (Espanha, Bélgica e Holanda) e nas 3 provas só conseguiu um 6º lugar. O melhor resultado no ano foi um 2º lugar na Grã-Bretanha. Os carros da Ferrari eram rápidos mas quebravam demais, em nada ajudando o piloto.

No ano de 1969 começou muito bem, sendo campeão da Copa da Tasmânia, disputada na Austrália e Nova Zelândia. Venceu 4 das 7 corridas do torneio. Na Fórmula 1 continuou na Ferrari. Dos 6 GPs que participou com o carro italiano só terminou uma prova, largando em 4º e chegando em 3º no GP da Holanda. A maior parte das quebras vinha dos motores já ultrapassados, superados pelo Ford Cosworth, que havia iniciado seu reinado. No final da temporada Amon deixou a Ferrari.

Em 1970 o neozelandês passou a integrar a nova equipe britânica March, que chegava com um novo conceito de projeto e construção de carros de corrida, principalmente para fornecimento a pilotos e equipes independentes. Amon e Jo Siffert foram os pilotos contratados para a equipe oficial da fábrica. Em 13 corridas no ano largou 11 vezes entre os 6 primeiros do grid. Chegou 2 vezes em 2º lugar, 1 vez em 3º, além de outras boas colocações. Terminou em 8º lugar o campeonato de pilotos.

Para 1971 foi convidado a integrar a equipe francesa Matra, que havia sido campeã mundial em 1969 e levou Jackie Stewart ao 1º título da carreira, no mesmo ano. Na maioria das largadas marcou tempos entre os 5 primeiros colocados, culminando com uma pole position na Itália. Aí a viseira se desprendeu do capacete causando sérios problemas de visibilidade. Diminuiu o ritmo, foi perdendo posições e terminou em 6º. A falta de sorte de Amon era inacreditável. Todos no circo não se conformavam. Stewart foi imbatível no ano.

Permaneceu na Matra para a temporada de 1972. Chegou 5 vezes aos pontos, se destacando um 3º em Monza. Nessa corrida italiana fez o melhor tempo na qualificação e liderou a maior parte. Porém, um pneu furado, nas últimas voltas, o impediu de vencer, mais uma vez. No final do ano a Matra anunciou o fechamento de seu departamento de competições.

1973 marcou o início da decadência do piloto estigmatizado pela falta de sorte, com apenas 30 anos de idade. A pequena equipe recém-formada Tecno cedeu a ele um carro para a disputa de 4 corridas. Teve como melhor resultado um 6º lugar.

Para 1974 o neozelandês apresentou seu próprio carro, o Amon AF 101, projetado por Gordon Fowell. A aventura durou uma só corrida, andando entre os últimos. Participou do novo projeto da Ensign, guiando para a equipe britânica nos GPs da Áustria e Itália em 1975.

Participou de quase toda a temporada de 1976 pela Ensign. O melhor resultado foi um 5º lugar no GP da Espanha. No GP da Alemanha, o que quase matou Niki Lauda, em Nuburgring, decidiu não continuar na corrida e na Fórmula 1, declarando: — Eu já tinha visto muitos pilotos fritando. Quando você passou por Bandini, Schlesser, Courage e Williamson, mais um é simplesmente demais. Paro de correr por uma decisão pessoal. Chegou a voltar a guiar carros da série Can-Am mas ao concluir um treino, declarou: — Acho que não gosto mais disso. No final do ano decidiu encerrar a carreira e retornar à Nova Zelândia.

Mauro Forguieri, diretor-técnico da Ferrari, disse sobre Amon: — Foi, de longe, o melhor piloto de teste com quem trabalhei. Tinha todos as qualidades de um campeão mundial, mas sua incrível falta de sorte não permitiu. Mario Andretti, comentando sobre a sorte de Amon: — Se ele se tornasse agente funerário, as pessoas simplesmente parariam de morrer.

Chris Amon participou de 96 Grandes Prêmios em sua carreira na Fórmula 1. Não venceu nenhum GP, marcou 5 pole positions, 3 melhores voltas, foi 11 vezes ao pódio. Esteve ativo por 14 anos consecutivos, pilotou 14 marcas diferentes de carros: Ferrari, Matra, Tyrrell, March, Lotus, Ensign, Lola, Tecno, BRM, Amon, Cooper, Brabham, Williams e Mclaren. Nenhum piloto atingiu essa marca. Liderou 183 voltas em corridas, percorrendo 852 quilômetros nessa posição.

Sempre foi reconhecido como um dos melhores pilotos da Fórmula 1 de todos os tempos, mesmo não conseguindo vencer nenhum GP. Recebeu inúmeras homenagens tanto de instituições ligadas ao automobilismo como de seu país natal, a Nova Zelândia. Morreu, vítima de câncer, no dia 3 de agosto de 2016.

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