Primeiro Campeonato Brasileiro do Quilômetro – 1920

                No ano de 1920 o automobilismo na Europa e Estados Unidos já era um esporte muito desenvolvido e bastante popular. Na América do Sul a Argentina, na época mais desenvolvida que o Brasil, centralizava as atividades do automobilismo, promovendo regularmente corridas pelas ruas e estradas portenhas, formando técnicos e pilotos que influenciaram diretamente os entusiastas do esporte no Brasil, começando pelos estados do sul brasileiro e chegando ao Rio de janeiro e São Paulo.

                O Primeiro Campeonato Brasileiro do Quilômetro, promovido pelo Club Motocyclista Nacional, com apoio do jornal carioca O Paiz, aconteceu na área urbana do Rio de Janeiro, então capital federal, segundo descrição do jornal O Paiz, na “Avenida Meridional, que é subdividida nas avenidas Delfim Moreira e Vieira Souto, essa avenida tem uma extensão aproximada de três quilômetros e meio, partindo do Leblon e finalizando em Ipanema”. No Brasil ainda não existiam estradas intermunicipais pavimentadas.

                Oito carros foram inscritos. A prova seria disputada pelo sistema conhecido como contra o relógio. Cada participante tinha um espaço para iniciar a aceleração e passar a linha de partida, onde tinha o início da cronometragem, pelo sistema Kistemann, e percorrer o espaço de um quilômetro. O que cumprisse o percurso em menos tempo seria o vencedor.

                A corrida, divulgada por toda a imprensa, ocorreu no dia 18 de janeiro de 1920, marcada para as 9 horas da manhã. Um sol inclemente se abateu sobre a região e o  público, calculado em 10 mil pessoas, que se comprimia suportou, sem chance de sequer recorrer a uma sombra na área da praia, permaneceu no local até o final da competição.

                Prêmios foram reservados aos três primeiros colocados. O primeiro recebeu o título de campeão, medalha de ouro, a taça “O Paiz” e um pneu Goodyear, o segundo colocado recebeu uma medalha de ouro e uma câmara de ar Goodyear e o terceiro uma medalha de prata e uma caixa de reparos Goodyear.

                O evento foi marcado pela desorganização. Inicialmente marcada para as 9 horas, só aconteceu depois das 10 horas. Um destacamento de 12 soldados foi insuficiente para controlar as invasões de pistas e algumas travessias desafiadoras. Outros membros da organização ajudaram a controlar minimamente o público. O evento foi realizado, graças ao empenho dos membros do CMN e autoridades municipais.

                A corrida apresentou um resultado lógico, com os carros mais potentes sendo mais rápidos que os menos potentes. Uma competição totalmente amadora, sem nenhuma surpresa. Classificação final: 1º) Georges Haintjens – Dietrich 70 HP a 102 km/h, 2º) Oswaldo Fernandes – Hispano-Suiza 30 HP a 85,7 km/h, 3º) Antonio Emílio da Silva – Chalmers 20 HP a 85,3 km/h, 4º) Moacyr Lapport Leitão – Ford 20 HP a 75 km/h, 5º) S. Abreu Silva – Ford 22 HP a 69 km/h e 6º) Domingos Lopes – Humber 11 HP a 53 km/h. Todos os participantes eram de famílias ricas do Rio de Janeiro.

                Foi o ponto de partida para a promoção de corridas que envolveriam mais profissionais. A partir dessa época teve início a pavimentação maciça de ruas e estradas, que necessitavam acompanhar o aumento vertiginoso dos automóveis em circulação.  A frota brasileiro dobrava de tamanho a cada dez anos, a partir do início e até a metade do século 20.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *