Blitzen Benz
Nos primeiros anos do século XX as indústrias automobilísticas investiam pesadas somas no desenvolvimento de seus produtos. As novas ideias surgiam o tempo todo. Os departamentos de criação, empregavam os melhores projetistas, engenheiros e técnicos, pagos a peso de ouro. Os carros de um ano tornavam o modelo anterior absoleto em poucos meses.
Dentro desse contexto se inseria o automobilismo. As corridas de carros se tornaram imprescindíveis na modernização dos produtos e nos testes de durabilidade, pelo esforço a que eram submetidos. O público se contava em dezenas de milhares em cada corrida, os bons pilotos se tornavam ídolos em seus países, como aconteceu com Felice Nazzaro, Vincenzo Lancia, Jules Goux e outros. As marcas vencedoras nas corridas eram as mais vendidas na sequência dos eventos. Todas as grandes marcas se envolviam nas competições. Além das corridas normais, contra o relógio, existiam as tentativas de recordes. Em 1909 a tentativa era de superar os 200 km/h.
A Benz & Cie., fábrica alemã, pioneira na produção de automóveis, juntamente com a Daimler, colocou o desafio de seu departamento de criação: conceber um carro de corrida para bater o recorde mundial de velocidade. Criaram uma maravilha mecânica chamada “Blitzen-Benz”, equipada com um imenso motor de 21,5 litros, capaz de produzir 200 HPs de potência. Nos primeiros testes o carro alcançou 159,3 km/h, deixando evidente que o projeto era promissor. No dia 8 de novembro de 1909, no circuito de Brooklands, um Blitzen-Benz pilotado por Victor Héméry atingiu 202,7 km/h, quebrando pela primeira vez a barreira dos 200 km/h. Um recorde mundial.
Novas conquistas aguardavam o excelente Blitzen-Benz. Disposta a se firmar no mercado norte-americano, a fábrica alemã enviou o Blitzen-Benz para os EUA, a fim de competir com os carros locais. O carro foi rebatizado de Lightning Benz, para facilitar a identificação pelo público local. No dia 17 de março de 1910, o piloto Barney Oldfield atingiu, em Daytona Beach, a marca de 211,97 km/h, novo recorde mundial. O piloto Bob Burman registrou 225,65 km/h em Daytona, marca depois melhorada por ele mesmo para 228,10 km/h.
Esse notável carro alemão ainda continuou fazendo sucesso por alguns anos em exibições nos EUA e Europa. Foi um carro que antecipou tendências como a preocupação com a aerodinâmica e várias ideias ligadas ao desenvolvimento estrutural, especialmente destinada às competições.
Evoluído demais para sua época.