Chico Landi
Francisco Landi nasceu em São Paulo, no dia 14 de julho de 1907, filho do imigrante italiano Pasquale Landi e de Antonietta Sacco. Com 11 anos de idade Chico deixou os estudos e arrumou um emprego numa oficina mecânica. Mostrou gosto e habilidade no exercício da profissão. Aos 15 anos se juntou ao seu irmão Quirino numa oficina ainda maior, onde se preparavam carros Hudson, entre os mais velozes da época. Nas noites paulistanas motoristas de táxi e mecânicos promoviam rachas clandestinos pelas ruas da capital paulista. A primeira corrida que participou foi no circuito improvisado nas ruas de Praia Grande. O resultado não foi dos melhores, mas o suficiente para decidir o que ia fazer no futuro. A mecânica continuaria, sempre, sua atividade principal, que permitiria continuar correndo. Montou, em São Paulo mesmo, sua própria oficina.
Quando estavam sendo feitos os preparativos para o I Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro (Circuito da Gávea), em 1933, foi um dos primeiros a se inscrever. Guiaria um Ford emprestado de um amigo. Não pode participar porque o dono do carro o destruiu num acidente antes da prova. Tomou todas as providências visando a Gávea 1934, preparando um Bugatti. Em sua estreia no automobilismo liderou a prova carioca até seis voltas do final quando seu carro quebrou. Estava tão determinado a vencer na Gávea que mudou sua oficina mecânica para o Rio de Janeiro. Landi sempre se destacou, mas só conseguiu vencer na Gávea em 1941, iniciando uma sequência de vitórias. A primeira vitória na carreira foi em 1934, no circuito do Chapadão, em Campinas.
A restrição ao uso da gasolina durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) limitou as corridas. Muitas provas foram canceladas, inclusive as da Gávea, e as permitidas eram com carros movidos a gasogênio, o que exigia a instalação de um equipamento volumoso, pesado, caro e desajeitado. Chico Landi vendia e instalava esses trambolhos em sua oficina.
Landi venceu uma corrida a gasogênio, o circuito Rio-Petrópolis. Nessa ocasião comprou um Alfa Romeo por 13 mil dólares. Com esse carro, em 1946, venceu no Circuito do Alto da Boa Vista, I Prêmio Crônica Esportiva Carioca e no ano seguinte o GP Cidade de São Paulo. Participou de três corridas na Argentina, com certo destaque. No I GP de Interlagos quase venceu o italiano Achille Varzi, um dos melhores pilotos do mundo, por ser obrigado a uma troca extra de pneus, quando liderava.
Conhecido internacionalmente Chico decidiu ir, em 1947, à Europa assistir a algumas corridas. Empresários italianos o conheceram e o convidaram para participar do GP de Bari. O brasileiro correu e, embora tenha atuado bem, uma quebra no carro o impediu de terminar a prova. Recebeu o convite para correr no GP de 1948. Imediatamente aceitou. De volta ao Brasil venceu uma competição em Interlagos e se preparou para participar de algumas corridas na Argentina.
O ano de 1948 foi o melhor da carreira de Chico Landi. Foi segundo colocado duas vezes na Argentina, uma delas na frente de Fangio. Venceu pela terceira vez na Gávea e conseguiu superar Varzi em Interlagos. Retornando à Europa venceu o GP de Bari, superando Villorezi, Varzi, Bonetto, Taruffi, Nuvolari, Farina e Cortesi, entre outros.
Landi alcançou a consagração. Foi contratado pela Ferrari para a temporada de 1949. Não teve vitórias importantes, mas sim boas colocações, como um segundo lugar em Silverstone, quarto lugar em Bari e Monza, além de outras boas participações. Comprou o carro Ferrari que guiava e o pintou de verde e amarelo, decidindo deixar a equipe oficial de fábrica. Voltava ao Brasil para disputar as provas mais importantes.
Aos poucos Chico começou a se desligar da Europa e voltar suas atenções para a América do Sul. Participou de sua primeira corrida de Fórmula 1 no GP da Itália de 1951 com um Ferrari 375. Conseguiu completar uma única volta, por quebra na transmissão. Nesse mesmo ano chegou em primeiro lugar na prova Lucas N. Garcez e em segundo nas 24 Horas de Velocidade, ambas em Interlagos.
Em 1952 Landi voltou a vencer o GP de Bari, na Itália. Participou do GP da Holanda (nono lugar) e GP da Itália (oitavo), ambas as corridas com Maserati. No Brasil foi quinto no GP Cidade de São Paulo, segundo na Gávea e no Circuito da Boa Vista. Participou de 2 GPS do Mundial de Fórmula 1 de 1953, na Suíça (abandonou) e Itália (abandonou). Com Ferrari venceu a Prova Prefeitura de São Paulo e o Circuito de Campinas.
O tempo estava passando também para o campeão Chico Landi. Em 1954 o velho Ferrari quebrava constantemente. Apesar disso chegou em segundo lugar no GP Prefeitura de São Paulo. Em 1956, com Maserati, foi quarto colocado no GP da Argentina de Fórmula 1, dividindo a pilotagen com Gerino Gerini, recebendo 1,5 ponto. Sua melhor colocação no Mundial. A partir daí, com quase 59 anos de idade as vitórias foram rareando e uma nova geração aparecendo. Em 1958 foi segundo nos 500 Km de Interlagos.
No início dos anos 1960 assinou contrato com a JK para guiar seus carros e dirigir a equipe. Venceu as Mil Milhas de Interlagos de 1960, em dupla com Christian Heins. No mesmo ano foi segundo nas 24 Horas de Interlagos. Em 1961 venceu nas 12 Horas de Interlagos, com seu sobrinho Camilo Cristófaro. Suas vitórias derradeiras foram no Circuito de Araraquara, 1500 Quilômetros de Interlagos, com Marivaldo Fernandes (1963) e 6 Horas de Interlagos, também com Marivaldo.
Ainda dirigiu a equipe oficial da Simca por dois anos e em seguida se desligou das corridas. Foi administrador de Interlagos no final da década de 1980. É considerado um dos melhores pilotos brasileiros da história. Morreu em 7 de junho de 1989, muito perto de completar 82 anos de idade.