Mclaren M23
Quando decidiu estabelecer sua própria fábrica de veículos de competição em Slough, na Inglaterra, em 1964, o piloto neozelandês Bruce Mclaren, profundo conhecedor da parte técnica de automóveis, contratou como projetista o engenheiro Robin Herd. A princípio, Bruce direcionou sua produção para monopostos que disputavam o Torneio da Tasmânia, competição muito popular e rentável na Oceania. Logo, porém, voltou suas atenções para a Fórmula 1, categoria que se firmaria como a principal do automobilismo mundial e os protótipos da série Can-Am.
A Mclaren, desde a sua fundação, produzia carros de corrida de qualidade, que não demorariam a se tornarem competitivos. Em 1968 veio a primeira vitória, no GP da Bélgica, com Bruce, excelente piloto, ao volante do Mclaren M7A. Com o mesmo carro, ainda em 1968, Denny Hulme venceu os GPs da Itália e do Canadá.
Gordon Coppuck, engenheiro e auxiliar de Herd, que deixou a Mclaren pela Cosworth, assumiu como projetista-chefe em 1971. Gordon tinha larga experiência em projetar carros de corrida de diversas categorias, nos Estados Unidos, especialmente os da Fórmula Indy, para a qual projetou o M16, um vencedor. Assinou projetos dos superpotentes protótipos da milionária série Can-Am, vencedor desse campeonato várias vezes. Foi testando um desses carros que Bruce Mclaren encontrou a morte, no circuito de Goodwood, no dia 2 de junho de 1970, aos 32 anos de idade. Seu legado se transformou em filosofia de trabalho.
No final dos anos 1960 a Fórmula 1 passou por uma profunda transformação. No ano de 1968 teve início o uso de aerofólios, recurso aerodinâmico destinado a revolucionar os projetos e construções no automobilismo. Em meio a uma profusão de formas e conceitos, o genial Colin Chapman apresentou seu avançado Lotus 72, no início de 1970, um carro em forma de cunha, inovador em conceitos aerodinâmicos, que transformaria em obsoletos todos os demais.
Desde 1968 a Mclaren vinha perdendo espaço para os concorrentes, Vice-campeã de construtores em 1968, somente superada pela Lotus, ficou em quarto em 1969, superada por Matra, Brabham e Lotus, ficou em quinto em 1970, atrás de Lotus, Ferrari, March e Brabham, caindo ainda mais em 1971, para sexto, vencida por Tyrrell, BRM, Ferrari, March e Lotus. O modelo M19A mostrou qualidades, ao vencer o GP da África do Sul em 1972, com Denny Hulme, Mas ainda não era um carro campeão. A fábrica precisava de um projeto inovador, que superasse os concorrentes, pincipalmente Tyrrell e Lotus.
Diante do desafio de um novo projeto, Bruce Mclaren costumava se reunir com o projetista e os mecânicos mais experientes, e ouvir suas sugestões. Gordon Coppuck relatou: — Nós pegamos uma carcaça do M16, uma traseira Cosworth do M19, pusemos tudo no chão da oficina, examinamos, pensamos, ponderamos e todas as respostas indicavam o mesmo caminho. Assim pusemos mãs obra e surgiu o M23 (coleção O Carro). Assim nasceu um dos bem sucedidos carros da história da Fórmula 1, com o toque de mestre do genial Gordon Coppuck. É considerado um dos carros mais bonitos da história do automobilismo.
O M23 foi o primeiro da série de carros campeões da vitoriosa Mclaren. Estreou no GP da Espanha de 1973, em Montjuic Park, guiado por Denny hulme e Peter Revson. Nesse primeiro ano o Mclaren M23 venceu três Grandes Prêmios: Suécia (Hulme), Reino Unido e Canadá (Revson). Em 1974 foram quatro vitórias: Argentina (Hulme), Brasil, Bélgica e Canadá (Fittipaldi). Nesse ano a Mclaren venceu pela primeira vez o Campeonato Mundial de Construtores e seu contratado Emerson Fittipaldi campeão mundial de pilotos. Carro que já nasceu bom, ainda venceu três corridas em 1975, sendo duas com Emerson (Argentina e Reino Unido) e uma com Jochen Mass (Espanha). Em 1976 James Hunt conquistou seis vitórias com o M23: Espanha, França, Alemanha, Holanda, Canadá e EUA. Estava encerrado o ciclo vencedor de um dos mais bem projetados carros de corrida da história.