Pedro Carneiro Pereira. Piloto e Locutor
Pedro Carneiro Pereira foi um locutor esportivo e piloto de automobilismo nascido em Porto Alegre, no dia 11 de março de 1938. Filho do médico Pedro Azevedo Pereira, desde cedo o menino imitava narradores de rádio em partidas de futebol. A paixão pela locução permaneceu na adolescência e não sossegou até ter o primeiro contato com o microfone. Próximo dos 20 anos de idade teve suas primeiras experiências como locutor nas rádios Metrópole e Difusora, se destacando pela desenvoltura ao microfone. Logo foi contratado pela rádio Guaíba, que despontava como uma das mais bem estruturadas emissoras do Rio Grande do Sul.
A popularidade de Pedro cresceu proporcionalmente ao aprimoramento de sua bela voz, os improvisos convenientes, sem apelações. Locução limpa, que caiu no gosto do público gaúcho. Foi considerado um dos melhores locutores esportivos do sul do país, que cobriu duas copas do mundo, de 1966 e 1970. Virou celebridade, reconhecido pelas pessoas nas ruas de Porto Alegre.
Sua outra paixão, que ele costumava igualar com a locução, era o prazer de pilotar carros de corrida. Quando iniciou sua carreira no rádio, passou a disputar provas de Quilômetro de Arrancada. Participou das inúmeras corridas promovidas nas ruas de Porto Alegre e região, pilotando no início um Fusca. Se destacava também nas pistas e foi reconhecido como um dos melhores pilotos gaúchos. Com seu Opala número 22, após a inauguração do autódromo de Tarumã, no ano de 1970, em Viamão, próximo a capital do estado, se tornou um dos pilotos mais conhecidos pelo público.
Locutor esportivo de sucesso e sócio de uma empresa de publicidade, Pedro ganhava o suficiente para levar uma vida confortável. O automobilismo gerava mais despesas que faturamento. A família e os amigos insistiram para que abandonasse as corridas, primeiro pelos riscos de vida que corria e pelos altos gastos necessários para manter um carro competitivo. Pedro teria confessado a um amigo que aquele ano de 1973 seria o último de sua carreira de piloto.
No dia 21 de outubro de 1973 Pedro Carneiro Pereira alinhou no grid, com se Opala, para a disputa de uma das etapas finais do Campeonato Gaúcho de Turismo, no qual era favorito para ser campeão. Era um dia ensolarado em Tarumã. Logo nas primeiras voltas da corrida, Pedro e Ivan Iglesias disputavam acirradamente uma das primeiras colocações. Antes da entrada da reta dos boxes os dois carros se choram nas laterais, se enroscaram e capotaram dentro da pista. Os dois pararam de capotas para baixo e permaneceram capotados. Naquele momento o carro de Iglesias explodiu em chamas. O fogo logo passou para o carro de Pedro e rapidamente envolveu o Opala. O que se seguiu foi total horror. As pessoa corriam com pequenos e grandes extintores, mas o calor vindo dos carros tornava difícil a aproximação. As pessoas presentes, aterrorizadas, só puderam assistir os dois pilotos sendo consumidos pelas chamas. Um dos momentos mais tristes da história do automobilismo brasileiro.
O acidente que vitimou Pedro Carneiro Pereira e Ivan Iglesias provocou profundas mudanças na segurança da construção de carros de corrida e nos procedimentos de socorro na pista. Demoraria demais para se chegar a soluções ideais. Nunca mais aconteceu um acidente nessas condições.
O jornalista gaúcho Leandro Martins, filho do grande jornalista e fotógrafo especializado em automobilismo Lemyr Martins, publicou o livro “Pedro Carneiro Pereira – O Narrador de Emoções”. O livro, muito bem produzido, narra a trajetória do radialista e piloto. Lançado em 2006, só pode ser encontrado em sebos. Quem é apaixonado por automobilismo não pode deixar de ler esse importante documento histórico.