Jack Brabham

John Arthur Brabham, ou simplesmente Jack Brabham, nasceu em Hurtsville, Austrália, a 2 de abril de 1926. A partir dos 12 anos de idade passou a frequentar oficinas mecânicas de automóveis, inclusive os de corrida, e aprendeu rapidamente tudo sobre o assunto. Com 15 anos já tinha abandonado os estudos para se dedicar à mecânica e ao aprendizado em níveis mais altos. A princípio não se interessou por pilotagem, pois considerava que todo piloto era “lunático”, pelos riscos que envolviam a atividade.

                A partir do final de 1946 teve a oportunidade de pilotar um Midget equipado com motor de motocicleta Jap. Era um carro de corrida compacto, mas muito ágil, usado na categoria Speedcars. Brabham disputou campeonatos de 1947 a 1951 e foi campeão em 4 das edições. Estava convencido de que tinha talento para o esporte. Considerado o melhor piloto da Austrália, foram surgindo oportunidades em categorias superiores. Nessa fase estreitou um relacionamento com os construtores ingleses Charles e John Cooper, pai e filho, donos da Cooper Motor Company. Brabham vinha comprando carros da Cooper e não deixou de apresentar ideias para tornar os carros mais competitivos.

                No ano de 1955 partiu para a Inglaterra, o centro do automobilismo mundial. Havia uma verdadeira revolução no setor técnico em curso, nas ideias aplicadas aos carros de corrida. Muitas novidades surgiam o tempo todo. A Fórmula 1 fora criada em 1950 e desde o início a Cooper se envolveu na categoria, mantendo equipe própria. A marca inglesa fez uma aposta diferente e arriscada a se tornar um fracasso. Até aquele momento os monopostos utilizavam motor na posição central-dianteira. “os bois devem ficar adiante dos carros”, afirmavam os defensores da permanência desse princípio. A Cooper, ao contrário, construía seus carros instalando o motor na posição central-traseira.

                Desde que chegou na Inglaterra, Brabham comparecia diariamente na Cooper, de quem comprara um pequeno monoposto para competir em categorias básicas. O australiano começou, na prática, a trabalhar na fábrica e seu envolvimento foi cada vez maior. A Cooper preparou um carro do modelo T40, equipado com motor Bristol 2l, carro com o qual Brabham estreou na Fórmula 1, no GP da Grã-Bretanha de 1955. Completou 30 das 90 voltas, por quebra de válvula. Brabham participou do GP inglês no ano de 1956, com um Maserati 250F, sem conseguir bom resultado. Participou de 3 GPs pela Cooper em 1957 e o 6º lugar (Mônaco) foi o melhor que conseguiu.

                1958 foi um ano decisivo para o desenvolvimento da equipe da Cooper. Com o novo modelo T45, pilotados por Brabham, Salvadori e Trintignant. Mônaco foi o palco da primeira vitória da Cooper na Fórmula 1, com Trintignant. Brabham chegou em 4º e pela primeira vez pontuou. Conseguiu ainda no ano dois 6ºs lugares (França e Grã-Bretanha). O Cooper com seu motor central traseiro passou a ser encarada com todo respeito.

                A temporada de 1959 teve início com uma certeza: a Cooper já conseguira provar que o posicionamento de motor proposto pela equipe inglesa seria o ideal para todos. Em um curto espaço de tempo todas mudariam. Teve início uma das mais importantes transições da história dos esportes a motor. E Jack Brabham era um dos maiores responsáveis. Além de pilotar, colaborou com ideias interessantes no desenvolvimento do projeto.

Em 1959, guiando o Cooper T51, equipado com motor Climax 2,5 l, Jack Brabham dominou o campeonato. Em 8 GPs disputados venceu 2, Mônaco e Grã-Bretanha, foi 2º na Holanda, 2 vezes 3º na França e Itália e 4º nos EUA. O australiano colheu os frutos de 4 anos de dedicação na oficina e na pista. Campeão mundial pela primeira vez.

1960 foi um ano ainda mais glorioso para Jack Brabham. Venceu 5 (Holanda, Bélgica, França, Grã-Bretanha e Portugal) das 8 provas disputadas. Bicampeão mundial, numa campanha inquestionável. Era o fim dos motores na posição central dianteira. Carros mais compactos e leves passaram a ser características obrigatórias nos novos monopostos.

Habituado ao trabalho em tempo integral, participando diretamente de todo o desenvolvimento do carro, Jack planejou montar sua própria fábrica de carros de corrida, que pudesse ser comprado por todos os pilotos interessados. Formou uma sociedade com Ron Tauranac, criativo engenheiro e projetista, também australiano. Fundaram então a Brabham Racing Organization, que começou a funcionar em 1961, trabalhando em novos projetos, ainda não participando de competições. Nesse ano Brabham ainda correu pela Cooper, sem resultados animadores. A equipe britânica havia sido superada por outras, como Ferrari e Lotus.

A temporada de 1962 foi a primeira de Brabham como piloto e construtor do próprio carro. Começou o campeonato pilotando um Lotus 24, enquanto dava os últimos retoques no Brabham BT3, o primeiro projeto da nova fábrica. Foram 5 GPS com o Lotus e a melhor colocação foi um 5º lugar na Grã-Bretanha. Estreou com seu carro no GP Alemanha, mas um problema no acelerador o impediu de concluir a prova. Estados Unidos e África do Sul foram os dois últimos GPs do ano e Brabham chegou em 4º lugar nos dois, mostrando que o carro tinha potencial para competir. No período de 1961 a 1965 o regulamento permitia motores de no máximo de 1.500 cc aspirado e peso mínimo de 450 kg.

Para o ano de 1963 a Brabham lançou seu modelo BT7, mas se tornou impossível superar o Lotus 25 de Jim Clark, que venceu 7 dos 10 GPs do ano. O carro projetado pelo genial Colin Chapman foi muito superior aos demais. Um 2º lugar no GP do México, penúltimo desafio do ano, deixou o australiano animado. A estrutura de sua equipe vinha melhorando a cada corrida.

Em 1964, ainda com o BT7, chegou 2 vezes em 3º lugar (Bélgica e França), mas sofreu forte concorrência, além da Lotus, também da Ferrari. Em 1965 subiu ao pódio, com um 3º lugar, no GP dos EUA. No mesmo ano a FIA anunciou mudança radical no regulamento: para o ano de 1966 seriam admitidos motores com 3.000 cc aspirados ou 1.500 cc turbocomprimidos.

Brabham mantinha colaboração com a empresa australiana Repco, que produzia componentes mecânicos para carros, inclusive de competição, desde 1963. A partir de um monobloco Oldsmobile, a Repco construiu um motor, com resultados surpreendentemente bons. Enquadrado no novo regulamento esses motores passaram a equipar os novos Brabham BT19.

Jack Brabham só não dominou no início do campeonato de 1966, que teve 1 vitória de Stewart (BRM) e outra de Surtees (Ferrari). Em seguida o australiano venceu 4 corridas em sequência: França, Grã-Bretanha, Holanda e Alemanha. Com mais um 2º no México, conseguiu pontos suficientes para levantar seu 3º título mundial.

No ano de 1967 a equipe Brabham foi imbatível.  Dennis Hulme, neozelandês muito bom piloto, guiava o 2º carro do time, e foi campeão mundial naquele ano com 2 vitórias, 3 2ºs lugares e 3 3ºs lugares. Jack Brabham foi o vice-campeão com 2 vitórias e 4 2ºs lugares. Nesse mesmo ano surgiram as primeiras unidades do novo motor Ford Cosworth, que chegaram para desbancar a concorrência.

1968 foi um ano para esquecer na carreira de Brabham. Dos 11 GPs do calendário só conseguiu terminar 1 corrida, o GP da Alemanha, com o BT26. O motor Repco foi aposentado e a equipe passou a usar os Ford Cosworth para a temporada seguinte. Em 1969 os BT26B levaram Brabham ao pódio 2 vezes: 2º no Canadá e 3º no México. O melhor que conseguiu fazer.

O BT33 surgiu no início de 1970 como uma grande promessa. Brabham venceu o GP da África do Sul, faltando menos de um mês para completar seus 44 anos de idade. Planejara parar de correr no final do mesmo ano. Foi 2º colocado em Mônaco, 3º na França e 2º na Grã-Bretanha. No final de 1970 vendeu sua parte na empresa para Ron Tauranac e seguiu para a Austrália, aposentado.

Jack Brabham participou de 123 Grandes Prêmios na Fórmula 1. Foi campeão mundial três vezes: 1959, 1960 e 1966, venceu 14 corridas: Mônaco e Grã-Bretanha (1959), Holanda, Bélgica, França, Grã-Bretanha e Portugal (1960), França, Grã-Bretanha, Holanda e Alemanha (1966), França e Canadá (1967) e África do Sul (1970). Participou de 16 temporadas, de 1955 a 1970. Subiu ao pódio 31 vezes, registrou a pole-position 13 vezes e a melhor volta 12 vezes.

Faleceu no dia 12 de maio de 2014, aos 88 anos, de causas naturais. Até hoje é o único piloto que conseguiu ser campeão mundial com um carro construído por ele mesmo.

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